Várias demandas foram apresentadas na noite desta quinta-feira, 28, na segunda edição do programa Câmara no Seu Bairro, realizada na Escola Municipal Chico Xavier. O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Dinho Dowsley, abriu os trabalhos da reunião itinerante para ouvir as reclamações e sugestões dos moradores dos bairros do Bessa, Tambaú, CCC . Dinho avisou que o tempo de fala de cara orador da comunidade seria de cinco minutos.
O primeiro a falar foi Leonardo da Mata, do Aeroclube, que pediu o aumento do número de ciclovias e ciclofaixas e elogiou os ecobosques e ecopraças. Ele também destacou a dificuldade na pavimentação das ruas do bairro e salientou que a reivindicação é muito antiga. Além disso, Leonardo afirmou que as audiências deveriam ser feitas isoladamente com os bairros e não reunindo todos da região. A argumentação é de que cada um tem várias demandas.
Segundo a falar, Luís Ricardo Magalhães, de Tambaú afirmou que é recém chegado na cidade, mas que está em busca do que ela tem de melhor. Ele pediu solidariedade aos pets, acessibilidade, e resolutividade na gestão dos prédios abandonados do bairro, que acabam sendo ocupados por pessoas em situação de rua e dependentes químicos.
O terceiro morador a fazer uso da palavra foi Jefferson Lima Palmeira, do bairro do Bessa, representando a Associação dos Ambientalistas e Moradores do Jardim Oceania. Ele pontuou a necessidade de melhoria na rede de atenção básica no bairro: “Faltam profissionais, medicamentos e insumos. Isso faz com que os moradores tenham que se deslocar para outros bairros enfrentando filas e esperas. Solicitamos que os vereadores destinem mais recursos para melhorar a estrutura física e humana da atenção básica e também pedimos que fiscalizem os indicadores de saúde estabelecidos pelo Plano Municipal de Saúde. O Censo aponta que há 30 mil moradores , sendo um dos mais popuulosos e tem apenas uma unidade básica de sxaúde
Rosa Maria Alves Pereira, Jardim Oceania, apresentou algumas propostas elaboradas por ela e por seus vizinhos. “Em termos de arborização, temos que dizer que embora as ruas sejam largas, os passeios são estreitos. Queremos criar um corredor verde e precisaria alargar as calçadas que não têm postes. Isso ajudaria a reduzir a temperatura e aumentaria o espaço da vida que as árvores trazem”, disse. Ela acrescentou é preciso um redutor de velocidade na rua Campos Sales. Implantar um semáforo no cruzamento da Campos Sales com a Paulo Roberto Accioly.
Por sua vez, Severino Dutra abordou aspectos do Plano Diretor: “Nós propusemos a criação de um pólo sócio ambiental, uma experiência piloto nessa área no Aeroclube e no Grande Bessa. Isso incluiria a coleta seletiva de lixo, a criação de corredores verdes e de passagens aéreas e subterrâneas para animais, o que evitaria o atropelamento deles. Além disso, desejamos o monitoramento da poluição sonora e do ar, assim como da temperatura”. Ele lembrou que na última campanha eleitoral, todos os candidatos a prefeito foram convidados a conversar com os moradores e compareceram à reunião. “O prefeito também esteve e nós estamos aqui cobrando”.
Do Bessa, Ronaldo Soares, demonstrou sua preocupação com a questão ambiental. “Sou engenheiro agronônomo e defensor do meio ambiental. Queremos ilhas no Bosque das Corujas para plantar várias espécies de árvores. Somos nós que plantamos e botamos nossas mãos na terra”.
A conselheira tutelar da região praia, Patrícia Falcão, também se pronunciou na reunião. “É muito preocupante a questão de creches e escolas nesta região. O ECA, que completou 33 anos, mostrou as crianças e adolescentes como sujeitos de direito e pessoas em desenvolvimento. Assim sendo, porque elas só terão maturação neurológica quando estiverem com 18 a 21 anos. Então, eles precisam de proteção. Aqui no Bessa, temos graves problemas em relação a creches. Mães nos procuram porque precisam trabalhar e os cuidados das crianças recaem sobre elas, que não têm com quem deixar seus filhos. A creche do Bessa está superlotada e não tem vagas. Nós solicitamos à secretaria de Educação e às vezes demora seis meses para obtermos resposta”, afirmou. Outra demanda foi a reabertura da Escola Frei Albino que está fechada e sem ordem de serviço assinada.
Patrícia Berger, moradora do Jardim Oceania e falou sobre o Parque Parahyba II: “Recentemente apareceu uma obra ao lado do Paraíba Mall e verificamos que está sendo retirada a calçada para os pedestres. Além disso, o maquinário de ginástica não tem manutenção. Temos segurança por causa do Major Bruno, mas eu queria uma ronda da Guarda Municipal que eu não vejo circulando por aqui. Na avenida Oceano Ártico, de muito tráfego, está difícil de trafegar e já protocolamos um pedido para melhor a situação. Também solicito à secretaria de Saúde para o posto de Saúde do Bessa e os pacientes que chegam antes do prédio abrir, o que acontece às 7h, fica sob sol e chuva. Muita gente chega às 5h”, explicou.
Na rodada dedicada aos parlamentares, o vereador Odon Bezerra revelou que foi morador do bairro há 16 anos e que hoje a área é saneada e tem quase todas as ruas calçadas. Ele ainda informou que elaborou um projeto para que bares e restaurantes sejam obrigados a fazerem a coleta seletiva de resíduos e doar o óleo utilizado para a fabricação de sabão. Odon ainda abordou a segurança e o problema causado pelo roubo dos fios de cobre. “Fiz um projeto dando mais rigor para que a comercialização de cobre seja feita através de um cadastro de quem compra e quem vende. O texto está no gabinete do prefeito para a sanção”, informou.
O Coronel Sobreira falou sobre mobilidade urbana e citou que a avenida Argemiro de Figueiredo e Fernando Luiz Henrique têm calçadas de pelo menos 10 metros. “Ainda assim, a Semob faz o isolamento de uma faixa da Argemiro de Figueiredo e a partir das 7h há congestionamento. Há um pedido para que as casas de frente para o mar seja uma triljha ecológica para que as pessoas possam caminhar e a Argemiro não seja mais obstruída. Não temos nenhuma ciclovia no bairro. Apenas ciclofaixa”, disse o parlamentar que ainda solicitou que a Escola Cívico Militar seja mantida no modelo cívico-militar.
Com a palavra facultada aos moradores novamente, Mariene Vasconcelos, do Jardim Oceania, ressaltou a importância de reforçar os cuidados com a saúde mental e solicitou que a prefeitura de João Pessoa contrate mais psiquiatras.
Erivan Arantes, morador do Bessa, também fez uso de seu tempo para expor demandas. Ele agradeceu pela abertura do espaço de diálogo e pediu que as solicitações dos moradores sejam encaminhados aos setores competentes. “O Bessa teve uma melhoria substancial, mas estamos vivendo um crescimento desordenado e existe um modelo autofágico que ataca as áreas de preservação permanente”. Ele também cobrou a revitalização do rio Jaguaribe. “Manter as pessoas que moram em áreas de risco na mesma área é necessário porque é dali que elas tiram seu sustento. Também quero destacar que o maceió do Bessa está sendo atacado por comerciantes com a anuência do poder público. Ele deveria ser protegido para garantir que não tenhamos problemas de alagamentos”.
“Hoje é um dia em que nós precisamos ouvir”, declarou o líder de oposição, Marcos Henriques (PT). Ele demonstrou apoio ao projeto de Odon Bezerra sobre a venda de cobre, mas enfatizou que é preciso proteger os catadores de resíduos sólidos de João Pessoa. O parlamentar também aconselhou a prefeitura a destinar verbas para a manutenção de equipamentos públicos. Marcos ainda reforçou a cobrança por melhorias no atendimento de saúde mental: “Precisamos de profissionais com boa formação para acompanhar quem tem esse tipo de transtorno, que é mais comum do que se pensa. A gestão precisa acompanhar os CRAS e oferecer medicação, que muitas vezes falta. Também quero falar sobre meio ambiente e destacar o melhor exemplo da cidade que é a ecopraça e o ecobosque. Temos pontos de calor na cidade e estamos perdendo a riqueza de sermos uma cidade verde. O prefeito deve fazer o ecobosque um exemplo para toda a cidade ou João Pessoa vai se tornar uma cidade desprovida de condições de receber os turistas ou ser vista como arborizada”.
O vice-líder do bloco governista, Bosquinho (PV), agradeceu aos moradores que se fizeram presentes à audiência do “Câmara no Seu Bairro”. “Nós gostaríamos de resolver todos os problemas. Mas, temos que lembrar que saímos de uma pandemia. Só agora estamos retomando as reuniões itinerantes. O Bessa tem aproximadamente 72 anos. Nossa população se concentrava no Centro e quem dizia que morava no Bessa era tido como rico. O bairro sofreu uma intervenção em 2015 e eu fui chamado de doido porque pedi a retirada do Aeroclube. Agora, o prefeito fez com que o bairro ganhasse um parque comparável ao Ibirapuera. O prefeito prometeu que nenhuma rua ficará sem ser calçada. É o respeito ao erário público. Já temos iniciada a reforma do mercado público, solicitamos a revitalização da Praça do Caju e estamos vendo o recapeamento da avenida Fernando Luiz Henrique. Estamos vendo frutificar o que o prefeito planejou. O prefeito passou o primeiro ano executando o orçamento deixado pela gestão anterior. Estamos anotando todas as demandas para encaminhar aos setores competentes”, garantiu Bosquinho.
A moradora Salene Leite dedicou seu tempo para salientar a educação como direito básico e ratificou a queixa de Patrícia Falcão sobre a Escola Frei Albino: “Queremos a volta da escola em seu prédio original. Quando a pandemia começou, botaram uma placa de reforma, mas ela não aconteceu. A prefeitura locou outro lugar, que não é adequado e é nosso dever cuidar das crianças. A prefeitura está pagando aluguel quando existe um prédio próprio”.
Do Bessa, Edite Rodrigues disse que ela e o marido escolheram João Pessoa para morar, mas não têm coragem de ir andando para uma praça próxima ao prédio: “Todo dia temos notícias de assaltos, de roubo de bicicletas. A insegurança é um problema real do Bessa. A iluminação não é eficiente e é um prato cheio para os bandidos”.
Em seu espaço de fala, o vereador Milanez Neto (PV) parabenizou a população pela organização das falas e por saber o que e como cobrar. Ele concordou que a problemática da segurança é preocupante: “Temos uma cracolândia sendo formada no nosso Centro Turístico”. Mas, Milanez também argumentou que a Câmara está discutindo o Plano Diretor, que pode retomar a condição de “cidade verde” de João Pessoa. “Precisamos da participação popular, como vocês estão fazendo aqui hoje”.
Na sequência, Doutor Luiz Flávio, morador do Jardim Oceania, relatou que pôde vivenciar o desenvolvimento da área e abordou questões da saúde, seu segmento. “O PSF desse bairro merece sim uma ampliação. A prefeitura na gestão de Cícero Lucena deu ordem de serviço para mais 10 PSFs. Mas, aqui no Bessa temos uma Unidade de Pronto Atendimento que serve muito bem para atender casos de urgência”. O parlamentar ainda concordou que a Guarda Municipal deveria estar mais presente na região do Bessa e, sobre a cracolândia, declarou: “Ela nos envergonha”.
Compareceram além do presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, os vereadores Milanez Neto, Damásio Franca Neto, Marcos Henriques, Marcílio do HBE, Bosquinho, Coronel Sobreira, Doutor Luiz Flávio, Zezinho Botafogo e Odon Bezerra.
Secom CMJP
Juliana Santos